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sábado, 5 de setembro de 2009

O “Ragamofe” - por Luiz de Almeida Neto

É, meus amigos, hoje entraremos em um território pouco explorado. Suspeito eu se tratar talvez até da prática de um crime, ou coisa assim. O fato é que de todo jeito o artista, superando seus delírios momentâneos, conseguiu superar seu estado de alucinação e nos trazer uma verdadeira pérola, rica em detalhes sobre seus distúrbios, e que, portanto, faz o texto ser analisado agora.
O fato é que o compositor da música em apreço acabou por ingerir uma “mistura”, que tem bom sabor, mas que faz a pessoa “pirar”, nos termos usados por ele próprio, possivelmente alguém que colocou em sua bebida para alterar seu estado nervoso normal e fazer sabe Deus o quê com a vítima. É um crime comum, mas o que há de raro aqui é que, no momento em que estava em estado de alucinação, inclusive a pensar que era uma “baratinha”, o artista não se rendeu à substância e, ao invés disso, resolveu sentar-se e escrever um relato sobre a droga que lhe vitimara. Vejamos:

“Música: Baratinha.
Artista: Banda Requebra

Sou baratinha e a rapa chegando outra vez
Trazendo o ragamofe e a suinguera também
Mistura gostosa faz você pirar
Sacode a galera faz o povo delirar
Vai
Rebola Bola eu quero ver você dançar
Rebola Bola e vamos todos balançar
Rebola Bola e dá uma paradinha assim
Rebola Bola e vem em câmera lenta para mim
Aperte o botão para a musica andar
Jogando as mãos para frente....”

Como o próprio poeta mostra, a “mistura” faz o povo “delirar”, “pirar”, e ainda não está aí tudo. A substância psicotrópica, infelizmente desconhecida, traz consigo, além de uma “suingueira”, um objeto esquisito, nunca dantes avistado nos anais da História moderna, que o autor denomina “ragamofe”, este objeto vem, vem, e dá ao alucinado a impressão de que as pessoas estão se sacudindo, ele vai, segue, desesperado, num problema disléxico causado pela droga, instando as pessoas a bolar e rebolar, balançar, querendo que as pessoas passem a movimentos mais graciosos, porque do delírio de onde ele as avista elas estão a se sacudir, se debater, é uma visão estarrecedora.
Ele não aguenta em alguns momentos, e em uma fraqueza ele chega a pedir que as pessoas parem, ou que ao menos sigam em slow motion, vejamos, in verbis: “Rebola Bola e dá uma paradinha assim / Rebola Bola e vem em câmera lenta para mim”. O “ragamofe”, que ele infelizmente não conseguiu descrever em detalhes, judia do rapaz, e faz, inclusive, ele querer apertar algum botão imaginário, não consegue perceber a música em seu curso normal, pensa que ela está parada, e pensa que o supramencionado botão teria o condão de dar andamento ao espetáculo, em dados momentos ele quer até jogar suas mãos para a frente. Olhe, é uma tristeza, mas, o pior, é que não se esqueçam que ele acredita ser uma baratinha, e mesmo assim acha que conseguirá fazer uso de membros tipicamente humanos, pensem bem: uma barata jogando braços para frente, ou até tentando apertar um botão. Nossa! Eu não consigo visualizar a crueldade desta substância.
O “ragamofe” depois retorna com força total. E aí é uma tristeza, porque ele começa a vê-lo em todos os lugares, e fica tentando capturá-lo para extirpá-lo de sua vida. Vejamos um outro trecho:

“Olha o ragamofe é
Se liga na parada
Olha o ragamofe é
Eu quero ver a mulherada
Olha o ragamofe é
Se liga na parada
Olha o ragamofe é
Eu quero ver a mulherada”

É claro que o que ele quer ver é a “mulherada”, pois, apesar de se considerar momentaneamente no reino dos animais, ele não abandona seus instintos oficiais, só que o “ragamofe” fica aparecendo, causando distúrbios, e atraindo sua atenção. Quero que constem desta análise literária o sacrifício e a abnegação deste artista, pois, mesmo vitimado por um engodo que lhe fez ingerir tão monstruosa substância, ele consegue, apesar dos delírios, focar na composição de uma obra de arte de valor instrutivo, para que as pessoas venham a perceber seu drama, que, em última análise, qualquer um de nós poderia vir a sofrer, ser enganado e começar a ver um “ragamofe”, é uma coisa triste. Cuidado, pessoal, com as companhias. E ainda piora, vejam só.
O “ragamofe” começa a atirar coisas nele, e ele começa a sentir pancadas, é uma barata sofrendo com agressões de um objeto inimaginável, e em intervalos curtíssimos de apenas dois segundos. O que nos mostra que a droga ingerida tem também uma carga de dor física. Sintam só:

“Um dois jogou bateu
Um dois jogou bateu
Um dois jogou bateu
Um dois jogou bateu”

E assim ele seguirá, até que o efeito deste alucinógeno, que tanto mexe com o inconsciente das pessoas, venha a perder seus efeitos. Lamentável.



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2 comentários:

Ana disse...

MUITO BOM, LUIZ!!!!
ESTAS SUAS ANÁLISES SÃO ABSOLUTAMENTE HILÁRIAS!!!!

Ana disse...

Você merece os comentários, Luiz!
E valeu pelo elogio!
Abraço também.