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domingo, 3 de maio de 2009

Troque suas Amizades por um Mp3 - por Bruno D’Almeida

O formato mp3 revolucionou a indústria fonográfica, por compactar arquivos e possibilitar sua reprodução em dispositivos portáteis, e também criou uma legião de pessoas com um fone nos ouvidos. Os agora jurássicos gravadores e tocadores de discos a laser eram uma prévia de que uma pessoa pode ouvir música enquanto estuda, trabalha, dorme, acorda, escova os dentes, namora, pensa, não pensa ou faz qualquer outra atividade. Somos agora um bando de pessoas conectadas com suas predileções musicais e desconectadas com as outras pessoas do mundo.

O mais bacana disso tudo é poder ouvir as músicas que quiser. Posso carregar toda obra do The Beatles no bolso. Isso é muito legal. Não tenho saudades daquelas fitas-cassete que desmagnetizavam e se partiam sem meu consentimento, estragando um presente que recebi com recomendações do tipo “coletânea de músicas românticas”. Não tenho saudades dos discos de vinil que empenavam e arranhavam. Eu ficava ouvindo Renato Russo repetindo “temos todo, temos todo, temos todo” até empurrar a agulha e completar a frase “tempo do mundo”. Nada de saudosismo.

O xis da questão é o individualismo que essa onda provoca. Temos a oportunidade de coexistir sem conviver com as pessoas. Eu não preciso saudar as pessoas ao entrar no elevador ou sair de casa, basta virar o rosto e acompanhar Roberto Carlos expressar sua rebeldia comedida e planejada em “se você pretende saber quem eu sou, eu posso lhe dizer”.

Posso fingir que presto atenção no teorema de Pitágoras durante uma aula, com meus fones escondidos por uma jaqueta ou outro agasalho. O trabalho vira um módulo individual espacial, onde posso balançar a cabeça no vazio hermético da minha sala, sem precisar sequer cumprimentar meu colega. Se alguém quiser balbuciar duas palavras já acho que se trata de um tagarela em potencial. Estou até pensando em colocar uma plaquinha ao meu lado com os dizeres “cuidado, não dê comida aos animais”.

Vamos então lançar a campanha “Troque suas amizades por um mp3”. Temos várias frases de efeito altamente persuasivas: Não perca tempo com pessoas tão descartáveis e desimportantes na sua vida. Torne-se uma pessoa arredia, adote um comportamento estranho e anti-social. Pare de contemplar a beleza das coisas. Não faça amigos, você já tem toda companhia e ideologia de que precisa guardadas no seu tocador. Só fale com alguém depois de vários gritos de atenção ou quando alguém ficar sinalizando feito um palhaço na sua frente (não subentendam aqui nenhuma ofensa aos profissionais que trabalham no circo).

Eu que gosto tanto de falar, trocar idéias, fazer amizades, jogar conversa fora, namorar, viver e sei lá o quê, agora me vejo trancado no mundo da própria existência. Queria até pensar um pouco mais sobre isso e mudar minha vida, mas agora não dá. Não porque eu tenha vontade, isso até que não me falta, o problema é que estou aqui no trabalho ouvindo música e meu chefe está estourando suas cordas vocais de tanto me chamar. Tiro os fones do ouvido e ouço ser chamado de surdo, relapso, vagabundo e irresponsável. Já viram, vou ter que me explicar.



Visitem Bruno D’Almeida
Legião Urbana.

As Nossas Palavras VIII - por Alba Vieira

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Não altere seu comportamento genuíno para contentar aos outros, cada um deve estar em paz consigo, ser leal apenas a si mesmo.



Visitem Alba Vieira
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A Ginástica das Velhinhas - por Adir Vieira

Faço parte de um grupo de velhotas na faixa de 55/65 anos que, para seguirem a moda e cumprirem o que os clínicos receitam, tiram quase metade do seu dia na maratona em prol da saúde.
Para começar, ao acordar, após os primeiros cuidados com a higiene, troco as roupas de dormir pelo uniforme de ginástica e após o café magro – para justificar a minha necessidade de emagrecer – caminho até a praça principal e lá me encontro com as quinze colegas, ensaiando exercícios já ministrados pelo instrutor da associação de bairro em dias anteriores.
Afinal, se é para seguir a moda, todas temos que, a exemplo do que ocorria em nossa juventude, exibir nossa melhor performance na concorrência umas com as outras.
Quando a aula se inicia, já quase metade do grupo mostra-se cansada, com a alma saindo pela boca, deixando de lado, forçosamente, a capacidade de fazer um bom papel para o instrutor.
Começo a reparar que, de umas semanas para cá, o uniforme composto de calça comprida azul-marinho e camiseta branca de meia manga, com o logotipo da associação estampado na frente, apresenta-se agora adornado, segundo sua dona, de uma forma diferente. Umas exibem faixas coloridas na cintura, outras o enfeitam com grandes colares de penas, sem contar ainda com as várias pulseiras plásticas que, em cada braço, lançam no ar música compassada ao ritmo dos movimentos pelas batidas dos pés e mãos.
As calças compridas, agora, assumiram comprimentos diferenciados, a fim de mostrarem parte das pernas mais definidas pelo bom resultado dos exercícios.
As blusas, antes tão idênticas no grupo, mesclam-se com camisetas cavadas e tops listrados numa tentativa de diminuírem anos de vida, se possível fosse.
Todas nós, no entanto, beneficiadas com o aquecimento, ao final de cada aula, extrapolamos na medida exata dos sorrisos abertos, das palestras sobre qualquer assunto, enfim, da alegria inconfundível de estarmos vivas.
E timidamente eu me pergunto – resistiremos até quando?



Visitem Adir Vieira
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Revivência - por Alba Vieira

Chão de paralelepípedos unidos por grama verdinha no pátio do lugar onde trabalho. Mangas maduras caídas, manchando o chão meio coberto de folhas secas, deixando no ar o odor adocicado da infância, quando existia um quintal com a copa da frondosa árvore, a mangueira da casa do vizinho, debruçada para além do muro.
Imediatamente estou outra vez lá. Experimento a segurança e o conforto do cheiro de manga pisada, caída do pé, ao mesmo tempo em que o corpo adulto se arrepia de medo, enquanto a menina sente nos cabelos e no rosto, a mesma ventania que sacudiu os ramos da árvore e abalou uma tarde calma de fim de primavera.
Foi assim que transpus, no mesmo instante, a ponte para o passado, expressada pelo conjunto de lembranças impregnadas de emoção e ancoradas nas impressões dos sentidos.
A partir de então, por todo o dia eu estaria habitada por recordações do tempo de menina naquele quintal e repassaria todos os acontecimentos que me viessem à mente, agora com a perspectiva da mulher, domando as emoções ainda deslocadas, podendo compreender e reescrever essa parte da história da minha vida.



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Para Alba - por Escrevinhadora

Prezada Alba
nunca trocamos uma palavra sequer
mas por causa de um pronome “qualquer”
criou-se o mal-entendido.

Eu não queria ter ofendido
nem a você nem a ninguém
não é esse o meu feitio.

Minha batalha neste blog
é apenas de brincadeira
gosto de mexer com a Ana
de provocar a guerreira
porque ela aceita o desafio
e com seu talento literário
sempre responde a contento.

Tenho outro argumento
quem for lá no dicionário
vai ver que qualquer quer dizer
pessoa indeterminada
portanto não é xingamento
não serve para ofender.

Feito o esclarecimento
pelo desculpas sinceras
não pretendi ser grossseira
e pra não dizer mais besteira
de agora em diante garanto
ficarei quieta no meu canto.



Resposta a comentários em “De Novo para Ana”, de Escrevinhadora.
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Pensamento Anônimo - Enviado por Therezinha

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Assim como a ostra, na profundeza dos mares, recobre o grão que a importuna e fere e o transforma em jóia, o homem construirá, sobre a experiência de seus erros, um mundo melhor.
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