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segunda-feira, 8 de junho de 2009

As Nossas Palavras XIII - por Clarice A.

É manhã. Num bairro do subúrbio carioca, da janela do ônibus, indo para mais um dia de trabalho, ela vê a cena: crianças dormindo agrupadas sob a marquise, drogadas, sujas, maltrapilhas, expressão máxima do descaso e abandono dos governantes com sua própria gente. A maneira que se deitam encostados uns aos outros (segundo a percepção dela, olhar capaz de captar sutilezas) forma a figura de um cata-vento. Estranho cata-vento de crianças sofridas, sem infância.
Ela é médica. Em sua lida cuida, trata, cura, conforta, orienta, escuta. Importa-se com seu semelhante, verdadeiramente. Como outras pessoas de sensibilidade, sofre e indigna-se ao ver tal cena.
Crianças, apenas crianças, a quem são negadas as mínimas condições de uma vida digna. O pior: quantos de nós já não passaram pela sensação de medo ou intimidação ao ver aproximarem-se estas crianças maltrapilhas, achando que uma delas pode ter consigo uma arma que nos ferirá de morte, levando-nos a temer pela nossa vida?
A terrível constatação: tememos as nossas crianças!
Estes grupos aumentam dia a dia, cada vez mais menores perambulam pelas ruas, uma arma mortal desenvolvendo-se nas sociedades doentes.
A pergunta: o que se pode esperar de quem da vida só conhece o pior? De quem nasceu, cresceu (os que crescem, porque muitos morrem ainda crianças) e só viveu abandono e miséria? A escola é a rua e o aprendizado é de pequenos delitos que levarão a delitos maiores. Há exceções? Certamente, mas estamos falando da regra.
Como resolver? É caso de urgência e não dá para protelar.
O que fazem homens e mulheres eleitos pelo povo e responsáveis pelo destino da nação? As crianças não são nosso patrimônio?
O país vive uma crise muito séria. Educação formal e gratuita de baixíssima qualidade, falta tudo: moradia, saneamento, serviços médicos etc., e sobra tudo: violência, drogas, prostituição infantil e mais e mais...
Os políticos, argh, os políticos. Bem vestidos, falantes, usuários do que há de mais novo em termos de impressionar e manipular pessoas. Quando discursam nem parece que vivemos no mesmo país. Vivem no seu mundo de conchavos e falcatruas, protegendo-se mutuamente (macaco, olha o teu rabo), em infindáveis comissões e reuniões criadas para discutir problemas. Projetos e mais projetos. As ideias? De matar jerico de inveja.
Alguns pedem que os esqueçam, outros que esqueçam sua bibliografia, os cínicos assumidos dizem que estão se lixando para a opinião pública. Serão reeleitos, manipulam com maestria a propaganda a seu favor.
Não há dia em que não haja uma manchete sobre escândalos e desvios de dinheiro em todos os níveis.
Tributação altíssima, sem benefícios em troca (quer dizer, benefícios para a sociedade), para os pobres apenas migalhas. Já para os políticos...
Voltemos às crianças. O que se pode fazer não é impossível e nem faraônico. Pensemos junto com a médica citada no início: uma moradia modesta mas protetora, roupas limpas, alimentação, escola, uma família formada por laços de sangue ou de amor. É querer muito? Quando o poder público olhará por elas?
Em alguns ainda existe a esperança (não dizem que é a última que morre?) de que os políticos comprometidos com seu povo sejam maioria e mudem esse panorama. E que, da janela do ônibus indo para mais um dia de trabalho, a médica, eu, você possamos ver as crianças como deve ser, não mais formando um triste cata-vento e sim com seus cata-ventos coloridos nas mãos girando na brisa suave do dia ou quando agitado por elas em suas brincadeiras infantis. Esse dia há de chegar. Deus é pai.



Inspirado em Cata-vento de Meninos, de Alba Vieira.
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Clarice Lispector em sua “Autocrítica no Entanto Benévola” - Citada por Alba Vieira

Tem que ser benévola, porque se fosse aguda, isso talvez me fizesse nunca mais escrever. E eu quero escrever, algum dia talvez. Embora sentindo que se voltar a escrever, será de um modo diferente do meu antigo: diferente em quê? Não me interessa.
Minha autocrítica a certas coisas que escrevo, por exemplo, não importa no caso se boas ou más: mas falta a elas chegar àquele ponto em que a dor se mistura à profunda alegria e a alegria chega a ser dolorosa - pois esse ponto é o aguilhão da vida.
E tantas vezes não consegui o encontro máximo de um ser consigo mesmo, quando com espanto dizemos: “Ah!” Às vezes esse encontro comigo mesmo se consegue através do encontro de um ser com outro ser.
Não, eu não teria vergonha de dizer tão claramente que quero o máximo - e o máximo deve ser atingido e dito com a matemática perfeição da música ouvida e transposta para o profundo arrebatamento que sentimos. Não transposta, pois é a mesma coisa. Deve, eu sei que deve, haver um modo em mim de chegar a isso.
Às vezes sinto que esse modo eu o conseguiria através simplesmente de meu modo de ver, evoluindo. Uma vez senti, no entanto, que seria conseguido através da misericórdia. Não da misericórdia transformada em gentileza de alma. Mas da profunda misericórdia transformada em ação, mesmo que seja a ação das palavras. E assim como “Deus escreve direito por linhas tortas”, através de nossos erros correria o grande amor que seria a misericórdia.



In “A Descoberta do Mundo”.
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Fica o Dito Pelo Não Dito - por Ana

Não, eu não sou shintoni!
E nem poderia ser:
Sou livre, não gosto de nada
Que esteja a me prender.

Não teria paciência
Pra organizar tudo isto!
Gente! É tarefa hercúlea!
E um baita compromisso!

Cês veem quantos posts por dia?
Há vídeos, links, recados...
Administração de primeira!
Vive ocupado, o coitado:

Ele responde os e-mails,
Faz convites, agradece,
Avisa que já postou,
E acho que nunca esquece

Do agendamento dos posts,
Dos pedidos que são feitos,
Da programação do blog...
Galera! Ele é perfeito!

Essa não é minha praia,
Eu sou mais de fofocar,
De conversar com as pessoas,
Me divertir e brincar.

Ele parece ser sério,
Não conversa com ninguém...
Embora seja simpático
E educado também.

É justamente o contrário
De mim, com a minha ousadia,
Quase ausência de limites...
Tô em outra shintonia!

Foi um engano, Gio,
Mas o que pensou faz sentido:
Você viu lá no Twitter
O nome de Ana escrito

No perfil do shintoni,
Mas era outra, não eu.
Daí te atacou a pulga,
Atrás da orelha se meteu.

Mas pode tirar a coitada.
É só parar pra pensar:
Um quase mudo, eu assim,
Tão difícil de calar...

Um tão senhor, tão sensato,
Eu, por pouco, inconsequente;
Ele tão breve, sisudo,
Eu, nas bobagens, fluente.

Ainda por cima, outro dia,
Ele me repreendeu
Naquele post do chat...
Até me surpreendeu!

Tive que pedir desculpas,
Me retratar sem demora!
Afinal, a casa é dele,
Eu aqui não sou senhora...

Hum... Me ocorreu uma coisa...
Eu não posso me furtar...
Imaginação é fogo!
Não escolhe hora ou lugar...

Devo dizer a vocês
O que me veio de repente
(Shintoni, não fica bravo,
Foi culpa da minha mente):

Aqui no planeta Duelos,
Que é lugar tão bacana,
Me sinto habitante-nativa:
ENTÃO EU SOU SHINTONIANA!!!



Resposta a “Recado”, de Gio.
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Recado - por Clarice A.

Alba:
Quando você me indicou o Duelos achei que não conseguiria postar nada, apenas lia. Sempre fui boa aluna em português e frequentemente tirava ótimas notas nas redações, mas nunca havia escrito poesias. O Duelos me deixa à vontade, pois como você havia me explicado, o importante é participar e, melhor ainda: terapia grátis. Poder criar com outras pessoas como nas Nossas Poesias e Nossas Histórias é bom demais, ler os outros é uma delícia. Quando não consigo ler as postagens do dia, no dia seguinte acesso logo que posso. Parabéns ao Shintoni e a todos que participam do Duelos. Muito bom poder se expressar da maneira que o blog propõe.
Beijo,
Clarice.



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A Felicidade - por Duanny

Muitos pensam que só merece a Felicidade quem acorda todos os dias disposto a conquistá-la, outros preferem simplesmente esperar que a Felicidade venha até elas, o que fica difícil, porque depois de tanto tempo esperando, tanto tempo sofrendo, a chegada dela pode ser um grande choque, e muitas pessoas se contentam em deixar a Felicidade ir embora.
Outras pessoas acordam todos dias e saem em busca da felicidade, como se fosse um grande prêmio, e o caminho até ela seja o maior desafio de todas a sua vida, e quando a encontram se deixam levar pelo desapontamento, pois para alguns uma vida cheia de obstáculos a serem vencidos e problemas para serem resolvidos parece muito melhor do que ser feliz; elas preferem brigas, discordar e intrigar a quem queira somente ser feliz.
Talvez as pessoas devessem parar de esperar a hora certa para serem felizes... o tempo não espera ninguém. Então a gente devia não esperar perder ou ganhar 5 quilos, ter filhos, ser promovido no trabalho, esperar chegar sexta-feira ou segunda de manhã, pagar todas as dívidas, morrer ou nascer de novo... não há hora para ser feliz, a não ser agora.
Porque não ser Feliz agora? Para ser feliz não é necessário fazer coisas erradas ou sacrificar algo, você só tem que ser você mesmo e viver a vida intensamente, como se cada dia fosse o último, mas não podemos generalizar, ter uma vida assim não é cometer loucuras, mas impedir que seus filhos cometam essas loucuras; não é jogar tudo para o alto e dizer “agora sim eu sou feliz”, mas é saber administrar os erros e compreender a quem te compreende.
Então, não importa a sua idade ou a sua profissão, o importante é VOCÊ ser feliz.



Visitem Duanny
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Sobre o Duelos - por Escrevinhadora

Gosto da Alba e da Ana
admiro o Bruno e o Gio
o Shintoni não escreve
mas foi o criador do espaço
e por isso o aprecio.

Entro quase todo dia
para ler, comentar, escrever
nas vezes em que não passo
fica a tarde meio vazia
e alguma coisa por fazer.

Por causa da nomenclatura
pensei que fosse luta renhida
depois que acessei descobri
que a ideia é se divertir
brincar de literatura
sem regras muito definidas
então passei a escrever
deixando de lado a censura,
relaxada, à vontade.

Certa vez disse besteira
apanhei da Ana e da Adir
meio zonza, meio grogue
me recolhi, refleti
depois consertei a asneira
voltei correndo pro blog
pedindo perdão escrevi.

Não me julgo escritora
misturo as letras, crio versos
falo de assuntos diversos,
conheço gente, faço amigos
e se alguém quiser falar comigo
é só clicar lá no chat
e chamar a escrevinhadora.



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Escrever - por Gio

Escrever, pra mim, é expor na pele o que se está sentindo. Só que na forma de palavras, histórias e estórias que nem sempre são as mesmas que estamos vivendo - e nem precisa... a nossa marca, o nosso recado fica lá estampado, mesmo que a gente não queira.



Resposta a “Sobre Minha Participação no Duelos”, de Alba Vieira.
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Crueldade - por Raquel Aiuendi

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Sou cruel comigo quando sou ingênua em relação ao próximo.
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