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terça-feira, 18 de agosto de 2009

A Mulher-Melancia - por Fatinha

Querido Brógui:

Fiel e sempre firme na minha proposta pró-imbecilização, li no cabeleireiro a notícia importantíssima que a Mulher-Melancia irá se lançar em carreira-solo cantando funk melody.
Uma notícia tão profunda me suscitou uma seriíssima dúvida: quem diabos é a Mulher-Melancia?
Perguntei ao meu cabeleireiro, cuja maior qualidade é não dirigir a palavra à minha pessoa a menos que assim eu solicite. Ele respondeu, laconicamente como sempre: “É a dançarina do MC Créu.”
Pouco esclarecedor. Perguntei quem diabos era MC Créu. Ele me lançou um olhar incrédulo, com uma pontinha de piedade pela minha ignorância e devolveu a pergunta: “Não sabe quem é o MC Créu?”
Humildemente respondi que não, não tinha a menor ideia de quem era tão ilustre figura.
Ele desligou o secador, talvez por perceber que a situação era grave, merecedora de uma pausa nos puxões de cabelo. “É aquele que canta a música do créu.” Ficou me olhando fixamente, procurando perceber se a ligação tinha sido completada. Nada. Fora da área de cobertura ou desligado.
“Aquela música… daquela coreografia…” Nada. Nenhuma reação. Ele desistiu e ligou o secador de novo.
Não me dei por vencida. Perguntei porque a tal da dançarina tinha o tão charmoso codinome de Mulher-Melancia. “Por causa do tamanho da bunda dela…” Isso eu entendi direitinho. Fiquei imaginando como seria uma bunda com o tamanho e a forma de uma melancia e fiquei impressionada só em pensar. Deu até vontade de aplaudir. É, a moça tem lá seu talento.
Decidida a não levantar daquela cadeira enquanto todas as minhas dúvidas não fossem esclarecidas, perguntei o que diabo era funk melody. “Uma mistura de funk com charm.” Mais uma vez fiz aquela cara de fora da área de cobertura ou desligado. O pobre moço fingiu que não viu, nem tentou explicar. Fez bem. Não há como dar tal explicação.
Rapidamente, vendo que ele estava acabando de espichar a última mechinha do meu cabelinho, perguntei rapidamente se a Mulher-Melancia sabia cantar. Ironicamente ele disse: “Com aquela bunda é preciso saber cantar?” Não, não precisa, ela já mostrou a que veio nas páginas de uma revista masculina. Não precisa cantar mesmo.
E eu aqui, com duas graduações, batendo no fundo da lata pra ver se cai algum trocadinho… Deveria ter investido em outro atributo natural que não minha inteligência.



Visitem Fatinha
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As Nossas Palavras XXIII

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Wordle: As Nossas Palavras XXIII
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Imagem: Wordle
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Provérbio Italiano em As Nossas Palavras XXII - Enviado por Adhemar

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Da felicidade ao sofrimento é somente um passo; do sofrimento para a felicidade parece demorar uma eternidade.



Visitem Adhemar
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Uns Voltam, Outros Não - por Gio

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I.

Eu podia te responder ponto a ponto
Mas seria desperdício de tempo
Retrucar, dessa vez, eu nem tento
O porquê disso agora eu conto:

Nas suas falas, falta coerência
Nas respostas, falta ser modesta
Argumentos, falta algum que preste
Falta pouco para a sua decadência

O álcool p’ra curar tuas feridas
Louca, bebeste de sopetão
Agora, só vê alucinação
Do senso do real está perdida

E pensa que está sólida e sã
E que o Monge já implora piedade
Quando (Quem diria?) na verdade
Estás pior que a mais podre das maçãs

Eriçada, hesitante, embriagada
Insolente, isolada, irriquieta
Desfiada, desmoronada, decrépita
Mequetrefe, mentalmente afetada

Já cansei do seu poço de vaidade
Seu discurso irreal me dá azia
Quando deixares o mundo da fantasia
Estarei pronto pr’um duelo de verdade!


II.

Quanto ao nosso duelo ao vivo
Não posso deixar de comentar
O que passou sobre este meu olhar:
O desfile do seu ego tão altivo

Nem da sina, nem do Céu ou do destino
Do humor, do amor ou coração
Eureca! Cheguei a uma conclusão
Sua ironia vem do desatino

Se não é ironia, é delírio
O que disseste não faz nenhum sentido
Num Duelo nobre como prometido
Transformaste calúnias em um martírio

Disseste que pedi para parar
O Duelo, mas quem foi que mencionou
Isso quando a torcida se mandou?
Por favor, não me faça gargalhar!

Vejo, deve ter sido só um lapso
Pois eu, mesmo com fome, já dizia
Que, se preciso, eternamente lutaria
Era você que estava à beira de um colapso

Sem contar os momentos incontáveis
Que, sem verso pra se defender,
Tentaste em vão me botar para correr
E falhaste nos teus planos miseráveis

E continuas apanhando e não sentindo
Como fosse martelada feito prego
Embriagada e cega pelo próprio ego
Nessa hora, qualquer toque é bem-vindo

E o meu, eu deixo aqui na amizade:
Isso aqui não é filme de briga de rua
Então embarque no foguete, volte da Lua
Vê se desperta, antes que seja tarde!
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Resposta a De Goleada, de Ana.
Referência ao Duelochat entre Gio e Ana.
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Visitem Gio
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Do Início Eis o Verso - por Ana

Lá no início dos tempos
Houve o primeiro contato
Entre o Poder do Universo
E um bicho esquisitaço.

O Poder chegou à Terra
Trazendo a evolução
Pr’uma raça preguiçosa
Que vivia a fuçar o chão

E perdia pros seus predadores,
Tava sempre na carreira,
Se alimentava de sobras...
A vida era uma doideira!

Se alimentava também
Dos seus próprios carrapatos,
Que infestavam seus pelos.
Gente! Que troço mais chato!


Então o Poder chegou
De forma muito especial,
Em aparição repentina
Pro grupo muito animal.

As feras, assim que O viram,
Se afastaram, estupefatas,
Mas uma delas, mais afoita,
Resolveu tocá-Lo com a pata.

Então dentro dela ocorreu
Uma enorme transformação
Que mudou a sua história:
Foi o momento da evolução!

Que foi imortalizado
Por versos codificados
Que agora, neste momento,
Estão aqui revelados:


No meio do caminho do Gio havia um monolito
havia um monolito no meio do caminho do Gio
havia um monolito
no meio do caminho do Gio havia um monolito.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida desta espécie tão atrasada.
Nunca me esquecerei que no meio da evolução do Gio
havia um monolito. Pensando bem...
havia um monolito no início da evolução do Gio.


E sei que diante disso
O Gio, ainda meio tonto,
Lembra do acontecido,
Mas reconhece, de pronto:

“Agora tudo está claro!
Como a gente se engana!
Sou um ser abençoado!
O monolito, meu Deus, é a Ana!”

Sim, Gio, agora posso
Revelar minha missão.
Retornei ao seu caminho
E digo, eu própria, então:

No início da sua evolução, Gio, havia EU, O MONOLITO.


E o evento foi filmado
Por cineasta amigo meu.
Graças à sua presença,
O momento não se perdeu.

E nesta hora sagrada
Vou com vocês dividir
Como foi que aconteceu
Do Gio evoluir.

Apresento, portanto, a vocês
O vídeo-revelação,
“A Evolução do Gio”,
Agora, em primeira mão:
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Resposta a No Meio do Duelo... (II), de Gio.
Paródia de “No Meio do Caminho”, de Carlos Drummond de Andrade.
Referências: Sempre Alguém se EngAna, de Gio;
O Bicho”, de Manuel Bandeira;
filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”.
Stanley Kubrick

Florbela Espanca “A Um Moribundo” - por Alba Vieira

Não tenhas medo, não! Tranquilamente,
Como adormece a noite pelo Outono,
Fecha os teus olhos, simples, docemente,
Como, à tarde, uma pomba que tem sono…

A cabeça reclina levemente
E os braços deixa-os ir ao abandono,
Como tombam, arfando, ao sol poente,
As asas de uma pomba que tem sono…

O que há depois? Depois?… O azul dos céus?
Um outro mundo? O eterno nada? Deus?
Um abismo? Um castigo? Uma guarida?

Que importa? Que te importa, ó moribundo?
– Seja o que for, será melhor que o mundo!
Tudo será melhor do que esta vida!…
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Ainda em Tempo III - por Gio

A Guerreira do Cangaço, terra quente
Aquela mesma que se julga tão valente
E lutaria sozinha com todo o povo
Quer chamar a Escrevinha de novo...

Pare de cacarejar feito galinha
(Que foi? Agora não se garante sozinha?)
Deixa de lado as ameaças e o alarde
E me enfrente, como mulher de verdade.



Resposta a De Goleada, de Ana.
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Visitem Gio
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Dos Grilhões Invisíveis: o Homem e Seus Simbolismos - por Leandro M. de Oliveira

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O processo de adestramento do homem enquanto espírito livre se cristaliza nas formas mais difusas, entretanto é inegável a importância de um dos métodos utilizados na milenar arte de agrilhoar o ser em flagelos invisíveis. Na sociedade ocidental herdeira direta dos valores romano-cristãos e em princípio formatada a partir deles, incide de forma capital a ideia advinda do argumento teológico, hoje já um imperativo no arcabouço de crenças da nossa tradição onde o homem se vê projetado na figura do próprio “Deus”, uma vez que foi concebido à sua imagem e semelhança. O aceite dessa condição leva o indivíduo a uma perigosa jornada transnatural, fazendo-o interagir em um mundo alheio ao seu. Em primeira análise poderia isso ser de grande valia, pois o homem mediano, o decadente que habita em nós consegue se aprazer em seu instante particular de meditação onde contempla essa origem divina, mais que isso, essa cristalização do macrocosmo em microcosmo. Todavia, é mister observar que o êxtase proporcionado por esse breve momento é quebrado tão logo se restitui o senso comum, e o homem ou se vê impotente ou se vê em uma espécie de exílio não voluntário, e por esse igualmente oprimido. A ideia de deidificação do homem o faz perder contato com sua essência humana, assim ele permanece estranho a si mesmo, e a fé que deveria edificar uma sociedade justa, um resgate da verdade de ser belo por ser imperfeito, já não se encontra mais disponível, uma vez que fora alienada na busca ininterrupta daquela medida de perfeição a que teríamos direito de acordo com essa gênese criacional ofertada a nós pela tradição. O que se pretende dizer com isso, em linhas gerais, é que a perda da identidade humano-temporal para uma identidade humano-atemporal (seguindo-se o raciocínio da busca de uma equivalência entre homem e Deus), afasta o indivíduo do prazer das coisas simples, do sentido de fraternidade e bem coletivo que só pode ser restaurado quando o homem voltar-se integralmente a si mesmo e não mais a metas inalcançáveis de perfeição. Revisitando a visão Grega, nota-se que o indivíduo era a polis e a polis era o indivíduo, e assim confundido com a coletividade o homem se via imediatamente livre e universal, diferente dessa realidade cotidiana onde o ser se coloca individual necessitando deliberadamente de símbolos que justifiquem a sua condição. O fim da cidade Grega representa com efeito, na nossa tradição, o momento de ruptura, o início da tragédia de existir. Esse é o momento onde sociedade, cultura, o eu e o espírito operam-se na criatura humana como peças separadas de um quebra-cabeças, muitas vezes antagônicas e estranhas umas as outras. Talvez por força desse dilema, a humanidade desconstruída venha buscar alento na quimera da perfeição divina e da missão de alcançá-la a qualquer custo. Daí surgem inúmeras manifestações como a criação do mártir e a moral do vencido, tão típicas da decadência desses tempos. Todavia, minha fé reside na crença de que apenas o amor entre homens (concreto) e não só em Deus (abstrato), é o que pode restituir a essência desse perdido sonho trazendo de volta ao âmago humano a perfeição que hoje se vê alienada no “divino”, despertando a consciência adormecida e tirando-nos de uma vez por todas dessa existência medíocre.



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Bruna Lombardi e “Corisco” - Citada por Penélope Charmosa

Vem pra cá cavalo doido
que eu vou te beber todo
atravessa esse meu fogo
te arremessa nesse jogo
de cabeça.
Que cresça a tua vontade
que seja feita a tua vaidade
nessa terra de homens e mistério.
te quero
na relva molhada
me quero ver derrubada
me transpassa
a arco e flecha
lança e mordaça.
Te fecha a trinco.
Te tranca
barra a passagem. Espanta
a última solidão que te ameaça
- que o ritual comece –
(ah se eu fosse se eu pudesse)
que esse tal de amor se faça.
Vem pra cá cavalo doido
que eu vou te fazer a festa
que eu vou conhecer a tua raça.
Cigano. Mestiço.
Teu pulo arisco
o risco do teu jugo
o perigo de tua caça
eu arrisco.
Me laça que eu fico contigo
me cobre no dia da graça.



In “No Ritmo Dessa Festa”.
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