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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Confiteor - por Kbçapoeta

Não sou ateu por falta de competência
De todas as formas procurei
Uma falha, argumento forte
Ou uma descoberta da ciência
Que provasse que você não existe.
Estudei
Todas as letras,
Todas as línguas,
Todas as crenças.
O resultado era o mesmo:
Nada.
O caminho ainda não sei qual é.
Talvez não exista.
Mas as coisas insignificantes do dia a dia
Maravilhas do cotidiano
Que não posso explicar,
Simplesmente acontecem,
Mostram-me sua existência.
No sexto sentido,
Na porta da percepção,
Na expansão mental,
Coincidências
Que os mais espiritualizados
Juram não existir.
Mesmo a contragosto admito:
Não sou ateu por falta de competência.



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Sozinha - por Gio

(Paródia da música “Sozinho”, de Peninha)


Às vezes, na calada da noite
Não basta ter só os olhos dois
Um descuido e ficas desacordada
Juntando os seus cacos imundos depois

Por que você se arrisca, tão solta?
Melhor você ter medo de mim
Nunca vai fazer frente sozinha

Eu não sou da verdade o dono
É que um conselho, às vezes, cai bem
Desculpe destruir os seus planos
Decreto: você já não assusta ninguém

Por que você não esquece, e some?
Isso pode não terminar bem
Se depender de mim, ‘cê apanha

Quando a gente teme, é claro, a gente se cuida
Se faz de tirana, só que é da boca pra fora
Pensa que me engana, treme feito saracura
Ei, ei, ei, ei, ei... Onde foi você agora?



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Dando Adeus a Agosto! - por Adir Vieira

E lá se foi agosto.
Minhas superstições estão desfeitas. Essas poucas horas que faltam já não me dizem nada.
O alívio bate forte em meu peito.
Não sei onde nem quando adquiri esse terrível hábito de me amedrontar todos os anos, quando o mês de agosto se anuncia.
Com o único intuito de pôr fim a esse desconforto, reviro agendas e busco na memória fatos que comprovem esse dissabor. Não encontro.
Por quase duas horas minha memória dá tudo de si nessa busca e, nem assim, descubro situações que afirmem para mim que agosto é o mês do desgosto.
Penso que algumas crendices tomam grandeza e forma de um jeito tal, que ficam arraigadas na cultura do povo e nesse inconsciente coletivo vão propagando expectativas saborosas ou desagradáveis por aí.
Não importa. Decido que não será agora que eu vou mudar isso em mim. Até o próximo agosto, muitas águas vão rolar!



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Sobre o Amor - por Alba Vieira

O amor só se realiza plenamente quando, após o deslumbramento inicial em que as expectativas são de receber o melhor, o belo, o delicado e o maravilhoso como únicas possibilidades, encaramos a realidade. Passada a correria na tentativa de se esconder (de si mesmo), podemos ser capazes de olhar a morte subjacente, enxergando e aceitando o que há de pior e, finalmente, fazendo renascer a carne, mas só depois de juntar os ossos num ser reconhecível e passível de ser amado.



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Parabéns, Minha Sobrinha! - por Ana

Hoje faz aniversário
Uma das minhas sobrinhas.
Pessoa bem diferente
Desde que usava fraldinhas.

Sempre séria, muito centrada,
Encara a vida na boa.
Segue em frente, linha reta,
Nenhum de seus atos é à toa.

Vive na adversidade,
Não se revolta, não reclama.
Vai construindo seu futuro
Com apoio da mãe, que a ama.

Te admiro a transparência,
A leveza, a perseverança,
O bom humor, a sensatez,
A sinceridade, a esperança,

O interesse pelo oculto,
O seu lado espiritual,
Seu amadurecimento,
Sua forma social.

Neste dia, então, lhe digo,
Que é tão bom te conhecer,
Acompanhar sua vida,
Vê-la, tão bela, crescer.

Digo, também, que considero
Você uma pessoa rara.
E que te amo, muito mesmo,
Minha querida Luara!
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Reflexão - por Gio

Mulheres dizem que não se pode deixar os homens mal-acostumados; só que o contrário também acontece.
Achar que se é perfeito, ou que se é demais para o outro, pode nos fazer pensar que temos a liberdade de fazer o que quisermos, e tudo será ínfimo, tudo será perdoado. Só que não é bem assim que as coisas funcionam...



Comentário em Uma Carta de Amor, de Adir Vieira.
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Bruna Lombardi, “Mulher do Povo” - Citada por Penélope Charmosa

Mas eu defendo meu filho
com todo sangue que tenho
eu defendo essa carne
com tudo que trago dentro.

Pouco me importa a pátria
generais e presidentes
eu defendo meu filho
com garras, unhas e dentes.

Mas eu defendo meu filho
com todo o ódio que tenho
o defendo dessa farsa
o liberto desse empenho.

Mas eu protejo meu filho
de todas as vossas armas
escarro nas vossas caras
o afasto de vossas tramas.

Mas o meu filho eu defendo
com o meu próprio corpo
por cima do meu cadáver
terão o meu filho morto.



In “No Ritmo Dessa Festa”.
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Recado - por Tércio Sthal

Com chuva ou com sol,
Com frio ou calor,
Desejo aos meus amigos
Um excelente fim de semana.



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Parabéns, Meu Irmão! - por Ana

I
Sabe, irmão, houve um tempo
em que eu te odiava demais:
nasceu um menino bonito
que agradava meus pais,
era lindo, fofo, alegre
e eu, feia e emburrada.
Você sempre tinha tudo
e eu sempre ficava com nada.

Depois as coisas mudaram,
muita coisa aconteceu.
Você confiava em mim
quando a gente adolesceu.

Viemos com um destino
que definiu nossa vida:
do início até a metade,
ela seria esquisita.

Dividimos muitas coisas,
misérias, dor, sofrimento,
as enormes exigências
e a falta de respeito.
Olhávamos um pro outro,
passávamos as mesmas coisas,
você era quase um rapaz
e eu já era uma moça.
Você a seu modo,
eu ao meu,
tocamos as nossas vidas,
mas em um momento delas,
elas foram parecidas.

Depois me afastei do mundo
de doença e perdição,
você tomou outro rumo:
ficou e eu não sei não...
E sei que você se mudou
por força de imposição
para a casa dos avós
e lá ficou, você só.


II
Depois você se casou
com Rose, uma libriana,
que lhe deu dois filhos lindos
e tem rosto de Diana.

Hoje vejo seus filhinhos
e adoro Ronier,
que se parece contigo
quando a gente ia a pé
da igreja para casa
de Campo Grande ao Tinguí.
Me apeguei ao biscoitão,
muito, demais até.

Hoje eu sei que é porque lembra
o irmão que um dia eu tive,
com quem dividi tristezas
e a força da resistência.
Brigávamos muito mesmo,
mas, no fundo, o que havia
é que ajudávamos um ao outro
a seguir com nossas vidas.


III
Talvez não tenha importância,
é só uma vontade boba,
mas quero que você saiba
que eu gosto de você,
gosto de conversar e ouvir
aquilo que tem a dizer.

Gosto quando não mente,
não inventa tanta ideia,
mas gosto também quando inventa
histórias do arco da velha.
Eu viajo na história
sabendo que é mentira,
pois quando ela é bem bolada,
dá gosto de ser ouvida.

Você sempre viajou,
contou história adoidado,
mas como ninguém ouvia
a voz de sua fantasia,
passou a pensar que a vida
era a história que havia
dentro de sua cabeça
que nunca, jamais foi vazia.


IV
Eu te escrevo tudo isso
porque é dentro de você
que mora um garoto lindo,
gordinho, alegre, rosado,
de braços abertos pro mundo,
sorridente, amoroso,
lindo por dentro e por fora,
que cantava pra mim, toda hora:
- “Que saudade de você...”

Lembro de você pequeno,
estudando na Corsino,
tinha medo de ir pra aula
e queria vir comigo.
Pedia: - “Deixa ir com você,
quero sentar do seu lado!”
Nos primeiros degraus
da escada grande,
aos poucos eu ia subindo,
você ficava hesitante.
Meu coração se apertava,
amolecia todinho,
tinha pena do menino
que ficava com medo, sozinho.
Tão pequeno, inseguro,
não queria ir pra sala;
eu queria “levar ele”,
mas não podia, não dava.
Eu não conseguia subir
enquanto ele não fosse embora
e não podia ficar parada
ali na escada por horas.
Fazia várias propostas,
mas ele quase chorava,
queria ficar comigo
na minha sala, mais nada.
Depois de muita conversa,
eu o conseguia convencer:
levava-o até seu andar,
prometia que no intervalo
iria vê-lo estudar.
E cumpria o prometido,
ficando todo o recreio
olhando o irmão que amava,
mas com o qual
diariamente brigava.

Nestes dias eu percebi
o quanto gostava do menino,
que a briga não era séria,
só coisa de pequeninos.

Esse calor que senti
no coração infantil
é o que sinto até hoje
pelo meu querido irmão
que pra tão longe partiu.

Eu choro por nós, meu irmão,
porque nos perdemos no tempo.
Eu não queria isso não,
porque você é meu único irmão.
Pois de você jamais cuidei,
não troquei fralda, alimentei,
não fui responsável nem nada.
Tivemos uma relação fraterna
dentro de tantas trocadas.
Fomos irmãos um do outro,
com implicância, briga, aventura.
Temos lembranças de um tempo
que vivemos juntos e bem
e que, na nossa família,
mais nenhum outro tem.
Você guarda em você
uma parte do que sou,
assim como guardo em mim
grande parte de você.

E no seu aniversário
quero que fique ciente
do quanto esta irmã te gosta,
meu primeiro irmão, Vicente.
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